segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Viagem... sem regresso

imagem retirada daqui

Viagem … sem regresso

Senhor Sonho e Dona Aspiração
De malas feitas partiram mão na mão.
Deixaram para trás a Dona Austeridade
Que lhes infernizou a vida tolhendo-lhes a felicidade.
Com um bilhete de ida, sem regresso marcado
No país da Esperança esperam novo fado.
A Saudade foi atrás, menina ingénua e doce
Seguia sempre o Senhor Sonho fosse ele para onde fosse.
Na estrada agora trilhada um sentido apenas vigora
O caminho da alegria que os alimentou outrora.
Na casa da Esperança, Novos Mundos os esperam
Aqueles sonhos guardados que quase esqueceram.
E quem sonha sempre alcança, já dizia o poeta
Para aqueles que acreditam, a Esperança não pára quieta.
Que o Ano Novo que se avizinha seja de realizações
Tomemos o exemplo destes dois anfitriões,
Pois sem medo de sonhar ousaram aspirar melhor
Senhor Sonho e Dona Aspiração personificam o Amor!



©Manuela Rodrigues

domingo, 3 de novembro de 2013

Ponte

imagem retirada de teamoweb.com
Ponte

É noite e em silêncio o céu chora
Sentindo saudade de quem lá não mais mora
E de mansinho a chuva cai e molha

Molha o olhar de alguém que aprende a andar
Num mundo cruel feito de um amargo fel
De contradições, amores, desamores, desilusões

Num dia molhado, por ventos toldado eis que a coragem surge
A vontade de andar, de o mundo enfrentar é mais forte e urge
E aquele alguém não se detém e avança como uma criança
Atravessa a ponte e olha o horizonte com olhos de esperança

Perto do fim um sentimento ruim quase deita tudo a perder
E aquele alguém que não é ninguém sente o que é chover
Abençoado assim se sentiu e caminhou até ao fim
Onde a luz brilhou e um sorriso esboçou para alguém… não para mim.


© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Senhora do meu silêncio

Senhora do meu silêncio

Guardo palavras que me atiram
Num saco de veludo atado 
Do lado esquerdo do meu peito guardado 
À espera de um grito que quando soltado 
Todo o sofrimento seja libertado.
Enquanto tal não acontece 
Dentro do meu peito cresce
Algo que nem carece 
De uma qualquer prece
Pois quem palavras atira 
Sem as mesmas ameigar
Não necessita de ladainhas 
Para se indultar.
Neste mundo tão artificial
Há os ofendidos, os ofensores
Cada um dono das suas próprias dores.
Qual dos dois terá a razão
Quem souber levante a mão!
Nesta questão manda a prudência 
Refugiar-me no meu palácio
Lá sou dona e senhora… 
Senhora do meu silêncio.


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Gosto de ti!

Gosto de ti!

Gosto tanto que não consigo viver sem
Gosto tanto que partirei e ficarás bem.
Gosto de ti!
Estás sempre para mim disponível
Ainda que cheio, encontro em ti um cantinho
Onde derramo sentimentos sem fim
Dores, afetos, pensamentos de mim.
Das tuas linhas faço meus caminhos
Dos teus espaços meus desalinhos.
És mais paciente que muitas pessoas
Umas melhores, outras menos boas.
Machuco-te, atiro-te para bem longe
Desfaço-me de ti quando não te quero
Mas o que em ti verto não consigo apagar
Porque em ti escrevo o que não consigo falar.
Gosto de ti, papel!


© Manuela Rodrigues

sábado, 19 de outubro de 2013

Tributo às mãos

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Tributo às mãos

Mãos…
Umas grosseiras, outras delicadas
Umas odiadas, outras amadas.
Umas de paz, outras de guerra
Com as mãos se acerta e também se erra.
Mãos…
Muitas histórias revelam
Muitas outras encobrem
Sejam mãos de mulher
Sejam mãos de homem.
Mãos…
Com precisão e rigor
Com elas fazem arte
Com alegria e com dor
Da vida são baluarte
Mãos…
E quando as tuas entrelaçam as minhas
Para o tempo, sinto a emoção
De quem segura com medo
Um frágil coração… nas mãos.


© Manuela Rodrigues

domingo, 13 de outubro de 2013

Reencontro

imagem retirada de http://www.orkut.com
Reencontro

Saudade que aperta no peito por um amor que há muito partiu
Com doces lembranças se deleita, essas o destino não destruiu!
Àquela praia distante, onde o mar ousou recolhê-la
Ele vai sempre que pode, na esperança de conseguir vê-la
Horas a fio a contemplar o mar que seu rival fizera
Acabou por adormecer continuando à sua espera
Acordara já de noite sob um céu limpo e estrelado
Com a lua intensamente brilhante e o mar estranhamente parado
Eis que ao longe no horizonte uma figura reconheceu
Era sua amada querida envolta num encantado véu
As pernas entorpecidas, a voz mais que embargada
Não se conseguia mexer nem tão pouco falar nada
Ela no seu corpo tocou e no seu véu o envolveu
Ele ternamente a abraçou sentindo o coração dela no seu
Do luar fizeram o lençol, as estrelas sua luz apagaram
O mar retirou-se de mansinho e os dois ali se amaram
Um doce sorriso esboçou quando uma quente carícia sentiu
Ficou quieto e chorou assim que seus olhos abriu
A carícia que sentira, fora o sol que lhe tocara
Adormecera naquela praia… afinal apenas sonhara
E quando ia embora de coração despedaçado
Repara num véu de cetim que ali haviam deixado
Pegou-lhe com carinho, devastado pela dor
Na certeza que tinha estado nos braços do seu amor
Impregnado na sua pele seu perfume tinha ficado
Fora a sua despedida, sabia-a do outro lado



© Manuela Rodrigues

sábado, 12 de outubro de 2013

Amantes improváveis


Amantes improváveis

Dizem que o sol e a lua têm um caso de amor
Vivido em segredo, num desencontro esmagador.
Cada um tem sua hora para o céu enfeitar
É por isso que o sol se põe e deixa a lua brilhar.
As saudades apertaram e num desejo ardente
A lua apareceu no céu, numa tarde de sol quente!
Ao longe se olharam, ela tímida, ele pujante
Ele acariciou-a levemente, ela sorriu radiante.
Durante a noite ali estava, com um sorriso estampado
A lua que horas antes tinha visto seu amado.
Dizem que o Universo abençoa este amor
E permite aos dois amantes um encontro sedutor
E diante um do outro trocam juras de amor eterno
O sol deixa de brilhar, eclipsa-se num momento terno.
Lentamente se separam, despedindo-se com a certeza
De quem sabe que tão cedo não estarão juntos… que tristeza!


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Fantasia


Fantasia

Parada num tempo que não existiu
Sonho com paisagens que ainda ninguém viu
Num tempo distante por elfos habitado
Voo num céu de cor purpura iluminado

Num mundo distante onde tudo é fantasia
Duendes e fadas por todo o lado via
Um rasto perfumado por todo o caminho
Levou-me à presença do mago adivinho

Olhou para mim de forma intensa
Baixei o olhar perante tal presença
Num gesto delicado meu rosto tocou
Levantei os olhos e meu corpo gelou

Trocados olhares em silêncio me falou
Percebi, assim, de onde vim, para onde vou
Vim de um tempo que não existe mais
Povoado de seres muito especiais

Na minha bagagem levo alguns valores
Preciosas poções para aclamar as dores
Dores de alma tantas vezes arranhada
Por todos aqueles que não sentem nada

Não posso voltar para trás
O portal do tempo foi encerrado
O que faço por aqui
Sem um cavalo alado?

Eis que olho para o céu de luto vestido
E vejo o mago adivinho num pequeno postigo
Num olhar sentido pedi para voltar
E com estrelas escreveu “Tens de ficar!”

Em pouco tempo as memórias apagarei
Vivendo neste mundo sem magos nem rei
E todos os dias do saco dos valores
Tirarei poções com cheiro a flores

Se algum de vós um dia encontrar
Sentirei na alma a cor purpura do luar
Onde elfos e ninfas outrora viveram
Voltarei em sonhos… esses não morreram.


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Milagre

imagem retirada de jornaloguarany.blogspot.com
Milagre

Curas, visões, acontecimentos impossíveis
Algo que vai contra as leis da natureza
Intervenções só pelo divino possíveis
Para uns um milagre, para outros estranheza
O milagre vai além de tudo, é o que enche os corações
É o que controla a nossa vida e comanda as emoções
Na distração do dia-a-dia nem sempre reparamos
Na qualidade do caminho que todos trilhamos
A natureza que desabrocha diante de nós
Uma criança que fala com o sonho na voz
E dentro de nós num retiro abissal
Queremos respostas para o antinatural
E sem respostas para o que queremos saber
Apregoamos milagres sem certezas ter
O milagre da vida pela ciência explicado
Continua a ser milagre para um ser muito amado
Andar em frente quando as forças escasseiam
É o milagre da perseverança perante os que odeiam
Entender o Amor nas suas contradições
É o milagre maior de todos os corações
E se ficarmos presos ao que julgamos conhecer
Dificilmente na nossa vida veremos um milagre acontecer.


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Utopia do sonhador

imagem retirada de macroscopio.blogspot.com 
Utopia do sonhador

De olhar encantado, postura alheada
Atleta do sonho, criatura esperançada
Entregue às tentações da sua imaginação
Nada lhe causa qualquer aflição
De convicções otimistas, vive na doce quimera
De um romance inventado que um dia lera
Vive da esperança pelo poeta cantada
Desliza pelos dias de forma apaixonada
Quando prova o sabor amargo da desilusão
Das suas cinzas renasce com uma nova alucinação
O fracasso não existe no seu vocabulário
Não vê em ninguém um potencial adversário
É um perfeito cabeça no ar
Tudo pode aspirar porque tudo pode desejar
Não tem consciência da ambição incomensurável
Espera muito mais do que é esperável
O sonho é o motor da sua verdadeira ação
Uma arma de defesa contra a desilusão
O sonhador sonha para se manter vivo
Sonha até sem nenhum motivo
O sonhador é por vezes incompreendido
Por viver no futuro ou num tempo já ido
O livro dos sonhos é a sua razão de viver
Sonha, sonhador, sonha, desfruta desse prazer!


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Agonia

imagem retirada de olhares.sapo.pt
Agonia

O mundo está triste, parece uma roda gigante
Que de rodar desiste, num ranger agonizante
O mundo está ferido, em crise e desajustado
Sem valores, destruído e parece mal governado
A simplicidade agoniza, a soberba vai imperando
Os ideais de vida pela arrogância vão-se dissipando
Inquietos, divididos, com medo do que há-de vir
Os homens perderam o jeito de sorrir
Lembrando a jovialidade, alguém ousa apregoar
É tempo de refletir, é tempo de parar
Estamos sempre atrasados
Compromissos vários nos consomem
E uma voz interior grita pela nostalgia do ontem
Antes sentíamos paz, antes eramos mais despreocupados
Nas aflições do presente, sentimos nostalgia do passado
Na pressa e na correria esquecemo-nos de viver
A esperança fica vazia e o mundo continua a ranger


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Dor... ouvi e calei-me

imagem retirada de sonoridadesmomentaneas.blogspot.com
Dor

Ouvi e calei-me
O que poderia dizer
Perante a dor de quem está a sofrer?
Ouvi e calei-me…
Ouvir a dor de um amigo é permitir que ela possa fluir
Nas palavras que são ditas, no silêncio que se possa sentir
Ouvi e calei-me…
A dor não pode ser travada, não existem palavras para a estancar
Ela esgota-se em si mesma até onde o sofrimento a levar
Ouvi e calei-me...
As lágrimas que transbordam pelo rosto
Estão para a dor como a água para o fogo
Acalmam o sofrimento sem precisar de um diálogo
Ouvi e calei-me...
Perante tal dor, há olhares que acariciam
A alma de quem sofre e a sua dor aliviam
Ouvi e calei-me...
Num abraço de veludo, embrulho a dor de um amigo
Para que sinta que pode contar sempre comigo
E quando a dor passar, então já poderei falar
Pois até aí nada pude fazer se não em silêncio também sofrer

© Manuela Rodrigues

domingo, 25 de agosto de 2013

Defeito(s)

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Defeito(s)

Espelho meu, espelho meu
Existe alguém mais imperfeito do que eu?
Tantas vezes pergunto quem sou
De onde vim, para onde vou
Não me consigo avaliar
Nem a resposta certa encontrar
Não sei se sou mais ou menos do que penso
Se tenho da vida aquilo que mereço…
E se tiver direi que não é o bastante
Que defeito irritante!
De inconstância a minha vida é feita
Será que só eu sofro desta maleita?
E se a vida fosse rotineira
Queixava-me eu de qualquer maneira…
Posso dizer o meu nome, a minha idade
Mas não é isso que sou de verdade
Só com grande sabedoria me poderia descrever
Ainda não alcancei o estado de o poder fazer
E quando o alcançar, quem sabe terei sorte
E todos os meus defeitos terminam com a morte.


© Manuela Rodrigues

sábado, 24 de agosto de 2013

Receita de amor

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Receita de amor

A duas almas que sofregamente se procuram
Junta-se um encontro furtuito
Olhares, risos, sorrisos que se salpicam
De uma sedução repleta de intuito.
Delicadamente envolvem-se as palavras
Tímidas, um pouco coradas
De um fogo que subitamente lavra
Nas frases menos esperadas
Tempera-se com pitadas de carinho
Acompanhadas de suaves carícias
Regadas com um bom vinho
Que realça suas delícias
Acama-se com um abraço
Repleto de desejo
Serve-se com amor
Selado com um beijo.


© Manuela Rodrigues

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Amor de estrela

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Amor de estrela

Perco-me nos pensamentos e encontro-me em ti
O céu mais bonito que alguma vez vi
Um manto escuro de brilhantes enfeitado
É um paraíso por tantos almejado
Tento encontrar a estrela polar
Não consigo, porém, parar de pensar
Seria tão bom ser uma estrela no céu
Vigiar teu sono com o brilho só meu
Afastar dos teus sonhos a preocupação
Embalar-te docemente ao som de uma canção
Num brilho intenso meu amor sentir
Rasgar o nevoeiro para te ver sorrir
Fazer-te percorrer um mundo por explorar
Descobrir contigo o verbo amar
Deixar de ser estrela no céu infinito
Fazer do teu coração o meu espírito
E quando acordasses numa noite qualquer
Estaria ao teu lado em forma de mulher


© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Só por hoje...

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Só por hoje…

Queria bailar na espuma de uma onda do mar
Ser livre como uma gaivota que vive a voar
Só por hoje…
Sentir uma brisa perfumada de ternura
Que deitasse por terra qualquer armadura
Só por hoje…
Ser estrela cadente de um qualquer céu
Acabar com a dor que já muito doeu
Só por hoje…
Ser pluma rebelde nas asas do vento
Fazer do amor o meu alimento
Só por hoje…
Falar com os olhos, ver com o coração
Fazer do silêncio grande explanação
Só por hoje…
Ser um grão de areia que namora a lua
Juntar duas almas, a minha e a tua
Só por hoje…


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Ingratidão

imagem retirada de http://raqueldicamargo.blogspot.pt

Ingratidão

Desmemoriada teima em esquecer
Permanece calada na hora de agradecer
Filha do orgulho, prima da insensibilidade
Que não quer sentir o que é a bondade
Convencida que de si mesma é filha
Não pensa sequer no caminho que trilha
Convencida que quem dá cumpre uma obrigação
Do alto da sua soberba concede-lhe perdão
Pois no seu entender já recebeu atrasado
Até o perdão lhe parece demasiado
Para não ficar mal retribui os presentes
Sem demonstrar sentimentos importantes
Não admite generosidade de coração
Pois não entende o que é afeição
E se admite afasta a lembrança
Para não sentir ventos de mudança
O benefício que não é um ato de amor
Não faz de um ingrato um benfeitor


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ciência(s)

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Ciência(s)

Sobre princípios certos
Funda os seus conhecimentos
Sobre aspetos incertos
Aplica os sentimentos
A matemática da vida
Nem sempre é exata
A uns dá vida, a outros mata
Acrescenta sorrisos, subtrai dores
Multiplica afetos, divide amores!
A atração pela física é explicada
A teoria dos opostos nem sempre é comprovada
Olhe-se para aqueles que procuram a sua alma
Num corpo que não é seu mas que o acalma
Sente o coração acelerado, as mãos a suar
Respiração pesada, rosto a corar
É o amor a chegar!
Amor é química, amor é ciência
Não é ciência exata...
É sentimento de excelência!


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Elegância



Palavra tão singela é a palavra elegância
Que pode ser confundida com aparência
Algumas palavras são elegantes
Outras pesadas que nem elefantes
Podem ser elegantes as flores do campo
Que crescem entre ervas, escondidas num canto
Podem ser elegantes os animais selvagens
Que correm velozes por várias paisagens
Elegância, estado supremo apenas atingido
Quando o supérfluo é totalmente banido
É na simplicidade da sua postura
Que a elegância se eleva a escultura
Elegância não é uma questão de gosto
Cada cultura tem o seu quê de tosco
Elegância está na simplicidade
Na delicadeza, no respeito, na sinceridade
A elegância arrasa com a arrogância
Faz da amizade e do amor maior importância
A elegância é forma de amor sonhado
Que antes de o ser já era almejado


© Manuela Rodrigues

domingo, 18 de agosto de 2013

Espera, tempo, espera!

imagem retirada de caminhosdealma.blogs.sapo.pt
Espera, tempo, espera!

Tu que me levas para onde não sei
Tu que carregas as minhas dores
Vai com calma, ainda não sei
Se vou para onde tu fores
Espera, tempo, espera!
Preciso de tempo, ó tempo
Preciso de viver intensamente
Saborear não só cada momento
Perder-me nos recantos da minha mente
Espera, tempo, espera!
Não te quero perder, ó tempo
Não fujas assim de mim
Perder-te seria um tormento
E um tormento seria o fim
Espera, tempo, espera!
Sei que não voltas para trás
Tempo passado da minha existência
Recordações boas e más
Escolhas e suas consequências
Espera, tempo, espera!
Antes que acabes, digo-te ó tempo
Deixa-me ir além de uma quimera
Levada nas asas de um tempo lento
Espera, tempo, espera!...


© Manuela Rodrigues

sábado, 17 de agosto de 2013

Amor que nos liberta

imagem retirada de inaciodantas.blogspot.com
Amor que nos liberta

Um coração que se fecha ao amor
Está a enganar-se e a mirrar de dor
Tal como a flor que vê na abelha a companhia
Um coração só vive se liberto de agonia
O maior propósito de um ser é amar
Mesmo quando a solidão aperta
É o amor que nos liberta…
Amar é uma longa caminhada
Amar é rir, é chorar
Amar é ter o coração aberto
Para um amor quiçá encoberto
Pela dor da solidão
Que esmaga um coração
Apesar do sofrimento que tolhe a alma
O amor eleva a esperança e a calma
O amor que nos liberta
Deixa uma porta aberta
Às palavras que em surdina
Fazem corar uma menina
Um coração liberto entrega-se sem medo
Ao amor que vive mesmo em segredo
Amor é uma palavra que deixa de o ser
Quando se encontra alguém para o viver
O amor que nos liberta está sempre à espera
Assim como a natureza espera a primavera.


© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desatinos

imagem retirada de sociedadedospoetasporvir.blogspot.com
Desatinos

Hoje apetece-me desatinar
De pé comer, sentada andar
Vestir uns sapatos, calçar um vestido
Não há nada de errado comigo!
Hoje apetece-me desatinar…
Prender um inocente, soltar um bandido
Esconder a seta ao próprio cupido
De noite acordada, de dia a dormir
De preto pintar a cor que explodir
Hoje apetece-me desatinar…
À tarde jantar, à noite almoçar
Com os olhos abertos sonhar, sonhar
Sair para dentro, entrar para fora
Partir para sempre sem ir embora
Hoje apetece-me desatinar...
Parada a correr, fugir do destino
Será tudo isto somente um desatino?


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Palavras difíceis

imagem retirada de ventocarioca.musicblog.com.br
Palavras difíceis

Há palavras que são ditas num olhar fugaz
Palavras perdidas numa alma eloquente
Um desejo insinuado de forma audaz
Um toque sentido tangentemente
Um ósculo que voa nas asas do vento
Supérfluo flutua só em pensamento
As parcas palavras que podem ser ditas
Admoestam as almas mais aflitas
Um ser taciturno que o amor quer cantar
Vislumbra a imagem que o faz calar
Um jovem que vê seu amor rejeitado
Apazigua o seu pobre coração quebrado
O que as palavras não falam, o coração sente
Há palavras falsas ditas candidamente
Palavras doces que soam a traição
Palavras que causam grande emoção
Palavras difíceis… umas sim, outras não!


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Poeta mudo

imagem retirada de yocelynrosas.wordpress.com
Poeta mudo

Com as palavras presas na garganta
Que de forma nenhuma as podia gritar
Descobriu que escrever era uma forma de falar.
Por uns incompreendido, por outros admirado
Consigo sempre trazia o seu caderno encarnado
E com uma delicadeza estonteante, escrevia o que sentia
Escrevia o que queria sentir, 
Escrevia o que queria dizer… 
Escrevia...
Os seus gestos revestidos de uma expressividade sem fim
Diziam mais que muitos oradores em palestras e afins.
Poeta exclamavam uns! 
Não-poeta reclamavam outros!
Poeta porque a sua escrita exalava o cheiro das flores
Não-poeta porque não falava delas e dos seus odores
Poeta porque escrevia sentimentos
Não-poeta porque não declamava  momentos
A poesia existe para ser dita, sentida, sonhada
Como não podia dizer, escrevia com alma 
Com a alma e a voz calada...
O respeito pela sua diferença valia mais que tudo
Afinal era poeta… sim, poeta mudo!


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Quem me dera ser flor

imagem retirada de http://pontodevistapraxiano.blogspot.pt/
Quem me dera ser flor…

Ai quem me dera ser flor para de mão em mão andar
Ou então numa simples jarra um qualquer espaço adornar
Quem me dera ser flor…
Poderia ser uma rosa, sem espinhos, de uma qualquer cor
Que um dia alguém oferecera ao seu verdadeiro amor
Quem me dera ser flor…
Poderia ser uma tulipa, branca cor da paz
Para iluminar os dias de um amor que nunca jaz
Quem me dera ser flor…
Uma flor marcante para a vida de alguém
Que ficara seca numa jarra, podia ser também
Quem me dera ser flor…
Uma flor entregue com um sorriso inebriante
Um sorriso que inebria uma dor dilacerante
Quem me dera ser flor…
Uma flor frágil e efémera, ciente da sua curta duração
Que exala perfume e desabrocha a sua beleza num coração
Quem me dera ser flor… quem me dera!


© Manuela Rodrigues

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Saudades do teu cheiro

Saudades do teu cheiro

Por caminhos percorridos, várias essências senti
Não consegui esquecer o cheiro que emana em ti
Cheiro de carinho, cheiro de intimidade
Que saudade do teu cheiro… que saudade!
Tentando abstrair-me com tudo em meu redor
Fechava os olhos e sentia o teu aroma, o teu amor
Que saudades do teu cheiro… que saudade!
Longe de ti percebi porque me fazes tão bem
O aconchego que me dás é como colo de uma mãe
Que saudade do teu cheiro… que saudade!
Eis que te reencontro e o teu perfume extravasa
Que saudades do teu cheiro… minha casa!


© Manuela Rodrigues

domingo, 4 de agosto de 2013

Humildade



Humildade

Lá ia a bela senhora com os dois filhos pela mão
Na direita o Orgulho, na esquerda a Ostentação.
Que desgosto tinha ela de como foram batizados
A culpa foi dos padrinhos, um casal de deslumbrados!
Como boa mãe que era, aos filhos o melhor quis ensinar
Não queria que um dia a deixassem de respeitar.
Ao Orgulho foi dizendo que algures no seu caminho
Teria que se calar, ou então ficar sozinho.
Mas nunca deveria calar a sua dignidade pessoal
Como era amigo de todos, era um orgulho total.
À Ostentação, bela menina de face rosada
A bela senhora pediu para ser mais delicada.
Se era para ostentar que fosse como sua mãe
Ostentava humildade que era seu nome também!

© Manuela Rodrigues

sábado, 3 de agosto de 2013

Errar

imagem retirada de detrasdarealidade.blogspot.com
Errar

Com os erros também se aprende
Com os erros também se cresce
Diga lá quem nunca errou?
Ninguém! Bem me parece!

Mas afinal o que é errar
Muitas vezes me pergunto
É fazer o que está certo
Estando só ou em conjunto

Errar é bem humano
Lá diz o velho ditado
Que o digam os que sofrem
Por erros do seu passado

Mas o maior erro do mundo
É simplesmente um
Ficar sem fazer nada
Com medo de cometer algum

Se algum erro cometer
Há uma lição a tirar
Às vezes o erro persiste
Até à hora de acertar

Quem muito erra pouco acerta
É mais um ditado popular
O certo é que quem erra
Pode de novo tentar… acertar ou errar!

© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Silêncio

imagem retirada de maresia-tua.blogspot.com 

Silêncio

Palavra que agita  mentes pouco sossegadas
Palavra que diz mais que uns pequenos nadas
Silêncio é arte, silêncio é uma ciência a apurar
Por vezes é com silêncio que mais podemos ajudar
Quantas vezes calamos gritos de dor, gritos de revolta
O que fala mais alto é o silêncio que da nossa boca brota
Porque saber ouvir transcende o ato de escutar
Saber ouvir é um sentir verdadeiro, é um saber calar
E num linguajar sem som, onde apenas os olhos falam
Duas almas se encontram e em silêncio amam.


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Hoje sonhei...

imagem retirada de andrecanavelo.tumblr.com
Hoje sonhei

Daquele leito tosco e duro
Fiz uma cama de algodão
De um sentimento cheio e puro
Enchi o meu coração

Fechei os olhos docemente
Para me lembrar dos teus
Acabei por adormecer
Juntar teus sonhos aos meus

Naquele amanhecer  tardio
Quando o céu tocou no chão
Imaginei todo o teu brilho
A rasgar a escuridão

Levantei-me com a preguiça
De quem acaba de acordar
Para estar contigo hoje
Muito bela quis ficar

Do banho fiz uma festa
Com espuma de framboesa
Perfumes da floresta
Ajudaram na beleza

Pedi emprestado ao sol
Um vestido de cor dourada
Pedi ao vento que passa
Para me deixar penteada

Pintei os olhos de verdade
A boca de baton desejo
Calcei saltos de vaidade
À espera do teu doce beijo

Olhei para o espelho
A campainha tocou
Levantei-me de repente
O despertador soou

Onde estou, quem sou eu?
Só sei que nada sei!
Afinal que aconteceu?
Nada!... Hoje sonhei!



© Manuela Rodrigues

terça-feira, 30 de julho de 2013

Coisa oposta

imagem retirada de ivroscompipoca.wordpress.com  
Coisa oposta

Boca que se abre para palavras dizer
Boca que se fecha para palavras calar
Olhos que se abrem para tudo esquecer
Olhos que se fecham para tudo lembrar
Palavras que ensurdecem sem nunca se ouvir
Palavras que gritam sem nunca falar
Mão que se eleva para alguém agredir
Mão que se acalma para alguém acariciar
Seres que vivem sem nada sentir
Seres que sentem sem nada viver
Almas que choram por alguém sorrir
Almas que riem por alguém morrer
Vidas passadas com tanto futuro
Vidas presentes travadas por um muro
Viver , morrer, lembrar, esquecer
Palavras opostas…não me quer parecer…


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sou tão frágil

imagem retirada de nolimitedooceano.blogspot.pt.com
Sou tão frágil

Para alguns erva daninha, para outros medicinal
Depende de quem me vê, se me quer bem, se me quer mal.
Sou tão frágil…
Por uns sou conhecida, por outros desprezada
Há quem muito se divirta ao ver-me despedaçada.
Sou tão frágil…
Aqueles que me conhecem, até me dão algum valor
Se sou branca ou amarela, não importa a minha cor.
Sou tão frágil…
Se perto de mim passares, fá-lo com delicadeza
Basta apenas um gesto brusco para quebrar minha beleza.
Sou tão frágil…
Deixa a esperança entrar na tua humilde casa
Abre as janelas e sente… sou frescura, não sou brasa.
Sou tão frágil…
Se soprares para mim e um pedaço de mim voltar
É porque o teu desejo em breve se vai realizar.
Sou tão frágil…
Se o teu pai é careca, que tenho eu a ver com isso
Sou dente-de-leão, frágil… sabias disso?


© Manuela Rodrigues

Vento

imagem retirada de http://rugidoaoamanhecer.blogspot.pt

Vento

Pobre vento que carregas na leveza do teu passar
As palavras que todos os dias atiramos para o ar.
Não deixes cair, ó vento,  palavras ditas em vão
Leva-as bem para longe antes que caiam ao chão.
Por vezes és tão discreto, que alguém de ti se esquece
Ouves tudo o que se diz, até a quem não merece.
Palavras de indignação, palavras de revolta
É por isso que por vezes andas por aí à solta.
Deixa ficar comigo palavras doces e macias
As outras que assim não são arranca-as dos meus dias.
Esta responsabilidade, leva o vento a fraquejar
De rajada em rajada até a tempestade formar.
Que mais poderia ser senão a revolta do vento
Alguém conseguiria andar tão pesado e com alento?


© Manuela Rodrigues

domingo, 28 de julho de 2013

Saudades de ti

imagem retirada de talischlick.blogspot.com

Saudades de ti

A noite caiu e partiste
Um manto escuro cobriu o meu ser
Esperei pelo amanhã, na ânsia de te ver.
Nuvens altas lá no céu, deslizavam suavemente
Reparei naquela estrela que brilhava intensamente
Será a estrela polar que a tantos seres guia?
Minha dúvida permaneceu, o mundo todo dormia.
Suavemente adormeci, embalada pelo luar
Ao amanhecer, de mansinho, o meu rosto foste beijar.
O teu toque delicado aqueceu-me o corpo frio
Por onde andaste tu, meu astro vadio?
Saudades de ti, sol!


© Manuela Rodrigues

Estás tão bonita, hoje...

imagem retirada de mayarinnha.blogspot.com

Estás tão bonita, hoje

A noite vai longa, olho para o céu
Embalada pela insónia, coberta pelo teu véu
Estás tão bonita, hoje…
À tua volta pairam, nuvens de algodão
A luz que irradias preenche meu coração
Estás tão bonita, hoje…
Projeto em ti, viagens que não faço
Imagino perder-me, contigo no espaço
Estás tão bonita, hoje…
Os meus olhos refletem a tua luz imensa
A minha alma vibra com a tua presença
Estás tão bonita, hoje…
E quando brilhas assim, junto a minha luz à tua
Quero que saibas por mim, és tão bonita… lua!

© Manuela Rodrigues