Senhora do meu silêncio
Guardo palavras que me atiram
Num saco de veludo atado
Do lado esquerdo do meu peito guardado
À espera de um grito que quando soltado
Todo o sofrimento seja libertado.
Enquanto tal não acontece
Dentro do meu peito cresce
Algo que nem carece
De uma qualquer prece
Pois quem palavras atira
Sem as mesmas ameigar
Não necessita de ladainhas
Para se indultar.
Neste mundo tão artificial
Há os ofendidos, os ofensores
Cada um dono das suas próprias dores.
Qual dos dois terá a razão
Quem souber levante a mão!
Nesta questão manda a prudência
Refugiar-me no meu palácio
Lá sou dona e senhora…
Senhora do meu silêncio.
© Manuela Rodrigues