quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Utopia do sonhador

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Utopia do sonhador

De olhar encantado, postura alheada
Atleta do sonho, criatura esperançada
Entregue às tentações da sua imaginação
Nada lhe causa qualquer aflição
De convicções otimistas, vive na doce quimera
De um romance inventado que um dia lera
Vive da esperança pelo poeta cantada
Desliza pelos dias de forma apaixonada
Quando prova o sabor amargo da desilusão
Das suas cinzas renasce com uma nova alucinação
O fracasso não existe no seu vocabulário
Não vê em ninguém um potencial adversário
É um perfeito cabeça no ar
Tudo pode aspirar porque tudo pode desejar
Não tem consciência da ambição incomensurável
Espera muito mais do que é esperável
O sonho é o motor da sua verdadeira ação
Uma arma de defesa contra a desilusão
O sonhador sonha para se manter vivo
Sonha até sem nenhum motivo
O sonhador é por vezes incompreendido
Por viver no futuro ou num tempo já ido
O livro dos sonhos é a sua razão de viver
Sonha, sonhador, sonha, desfruta desse prazer!


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Agonia

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Agonia

O mundo está triste, parece uma roda gigante
Que de rodar desiste, num ranger agonizante
O mundo está ferido, em crise e desajustado
Sem valores, destruído e parece mal governado
A simplicidade agoniza, a soberba vai imperando
Os ideais de vida pela arrogância vão-se dissipando
Inquietos, divididos, com medo do que há-de vir
Os homens perderam o jeito de sorrir
Lembrando a jovialidade, alguém ousa apregoar
É tempo de refletir, é tempo de parar
Estamos sempre atrasados
Compromissos vários nos consomem
E uma voz interior grita pela nostalgia do ontem
Antes sentíamos paz, antes eramos mais despreocupados
Nas aflições do presente, sentimos nostalgia do passado
Na pressa e na correria esquecemo-nos de viver
A esperança fica vazia e o mundo continua a ranger


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Dor... ouvi e calei-me

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Dor

Ouvi e calei-me
O que poderia dizer
Perante a dor de quem está a sofrer?
Ouvi e calei-me…
Ouvir a dor de um amigo é permitir que ela possa fluir
Nas palavras que são ditas, no silêncio que se possa sentir
Ouvi e calei-me…
A dor não pode ser travada, não existem palavras para a estancar
Ela esgota-se em si mesma até onde o sofrimento a levar
Ouvi e calei-me...
As lágrimas que transbordam pelo rosto
Estão para a dor como a água para o fogo
Acalmam o sofrimento sem precisar de um diálogo
Ouvi e calei-me...
Perante tal dor, há olhares que acariciam
A alma de quem sofre e a sua dor aliviam
Ouvi e calei-me...
Num abraço de veludo, embrulho a dor de um amigo
Para que sinta que pode contar sempre comigo
E quando a dor passar, então já poderei falar
Pois até aí nada pude fazer se não em silêncio também sofrer

© Manuela Rodrigues

domingo, 25 de agosto de 2013

Defeito(s)

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Defeito(s)

Espelho meu, espelho meu
Existe alguém mais imperfeito do que eu?
Tantas vezes pergunto quem sou
De onde vim, para onde vou
Não me consigo avaliar
Nem a resposta certa encontrar
Não sei se sou mais ou menos do que penso
Se tenho da vida aquilo que mereço…
E se tiver direi que não é o bastante
Que defeito irritante!
De inconstância a minha vida é feita
Será que só eu sofro desta maleita?
E se a vida fosse rotineira
Queixava-me eu de qualquer maneira…
Posso dizer o meu nome, a minha idade
Mas não é isso que sou de verdade
Só com grande sabedoria me poderia descrever
Ainda não alcancei o estado de o poder fazer
E quando o alcançar, quem sabe terei sorte
E todos os meus defeitos terminam com a morte.


© Manuela Rodrigues

sábado, 24 de agosto de 2013

Receita de amor

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Receita de amor

A duas almas que sofregamente se procuram
Junta-se um encontro furtuito
Olhares, risos, sorrisos que se salpicam
De uma sedução repleta de intuito.
Delicadamente envolvem-se as palavras
Tímidas, um pouco coradas
De um fogo que subitamente lavra
Nas frases menos esperadas
Tempera-se com pitadas de carinho
Acompanhadas de suaves carícias
Regadas com um bom vinho
Que realça suas delícias
Acama-se com um abraço
Repleto de desejo
Serve-se com amor
Selado com um beijo.


© Manuela Rodrigues

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Amor de estrela

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Amor de estrela

Perco-me nos pensamentos e encontro-me em ti
O céu mais bonito que alguma vez vi
Um manto escuro de brilhantes enfeitado
É um paraíso por tantos almejado
Tento encontrar a estrela polar
Não consigo, porém, parar de pensar
Seria tão bom ser uma estrela no céu
Vigiar teu sono com o brilho só meu
Afastar dos teus sonhos a preocupação
Embalar-te docemente ao som de uma canção
Num brilho intenso meu amor sentir
Rasgar o nevoeiro para te ver sorrir
Fazer-te percorrer um mundo por explorar
Descobrir contigo o verbo amar
Deixar de ser estrela no céu infinito
Fazer do teu coração o meu espírito
E quando acordasses numa noite qualquer
Estaria ao teu lado em forma de mulher


© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Só por hoje...

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Só por hoje…

Queria bailar na espuma de uma onda do mar
Ser livre como uma gaivota que vive a voar
Só por hoje…
Sentir uma brisa perfumada de ternura
Que deitasse por terra qualquer armadura
Só por hoje…
Ser estrela cadente de um qualquer céu
Acabar com a dor que já muito doeu
Só por hoje…
Ser pluma rebelde nas asas do vento
Fazer do amor o meu alimento
Só por hoje…
Falar com os olhos, ver com o coração
Fazer do silêncio grande explanação
Só por hoje…
Ser um grão de areia que namora a lua
Juntar duas almas, a minha e a tua
Só por hoje…


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Ingratidão

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Ingratidão

Desmemoriada teima em esquecer
Permanece calada na hora de agradecer
Filha do orgulho, prima da insensibilidade
Que não quer sentir o que é a bondade
Convencida que de si mesma é filha
Não pensa sequer no caminho que trilha
Convencida que quem dá cumpre uma obrigação
Do alto da sua soberba concede-lhe perdão
Pois no seu entender já recebeu atrasado
Até o perdão lhe parece demasiado
Para não ficar mal retribui os presentes
Sem demonstrar sentimentos importantes
Não admite generosidade de coração
Pois não entende o que é afeição
E se admite afasta a lembrança
Para não sentir ventos de mudança
O benefício que não é um ato de amor
Não faz de um ingrato um benfeitor


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ciência(s)

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Ciência(s)

Sobre princípios certos
Funda os seus conhecimentos
Sobre aspetos incertos
Aplica os sentimentos
A matemática da vida
Nem sempre é exata
A uns dá vida, a outros mata
Acrescenta sorrisos, subtrai dores
Multiplica afetos, divide amores!
A atração pela física é explicada
A teoria dos opostos nem sempre é comprovada
Olhe-se para aqueles que procuram a sua alma
Num corpo que não é seu mas que o acalma
Sente o coração acelerado, as mãos a suar
Respiração pesada, rosto a corar
É o amor a chegar!
Amor é química, amor é ciência
Não é ciência exata...
É sentimento de excelência!


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Elegância



Palavra tão singela é a palavra elegância
Que pode ser confundida com aparência
Algumas palavras são elegantes
Outras pesadas que nem elefantes
Podem ser elegantes as flores do campo
Que crescem entre ervas, escondidas num canto
Podem ser elegantes os animais selvagens
Que correm velozes por várias paisagens
Elegância, estado supremo apenas atingido
Quando o supérfluo é totalmente banido
É na simplicidade da sua postura
Que a elegância se eleva a escultura
Elegância não é uma questão de gosto
Cada cultura tem o seu quê de tosco
Elegância está na simplicidade
Na delicadeza, no respeito, na sinceridade
A elegância arrasa com a arrogância
Faz da amizade e do amor maior importância
A elegância é forma de amor sonhado
Que antes de o ser já era almejado


© Manuela Rodrigues

domingo, 18 de agosto de 2013

Espera, tempo, espera!

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Espera, tempo, espera!

Tu que me levas para onde não sei
Tu que carregas as minhas dores
Vai com calma, ainda não sei
Se vou para onde tu fores
Espera, tempo, espera!
Preciso de tempo, ó tempo
Preciso de viver intensamente
Saborear não só cada momento
Perder-me nos recantos da minha mente
Espera, tempo, espera!
Não te quero perder, ó tempo
Não fujas assim de mim
Perder-te seria um tormento
E um tormento seria o fim
Espera, tempo, espera!
Sei que não voltas para trás
Tempo passado da minha existência
Recordações boas e más
Escolhas e suas consequências
Espera, tempo, espera!
Antes que acabes, digo-te ó tempo
Deixa-me ir além de uma quimera
Levada nas asas de um tempo lento
Espera, tempo, espera!...


© Manuela Rodrigues

sábado, 17 de agosto de 2013

Amor que nos liberta

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Amor que nos liberta

Um coração que se fecha ao amor
Está a enganar-se e a mirrar de dor
Tal como a flor que vê na abelha a companhia
Um coração só vive se liberto de agonia
O maior propósito de um ser é amar
Mesmo quando a solidão aperta
É o amor que nos liberta…
Amar é uma longa caminhada
Amar é rir, é chorar
Amar é ter o coração aberto
Para um amor quiçá encoberto
Pela dor da solidão
Que esmaga um coração
Apesar do sofrimento que tolhe a alma
O amor eleva a esperança e a calma
O amor que nos liberta
Deixa uma porta aberta
Às palavras que em surdina
Fazem corar uma menina
Um coração liberto entrega-se sem medo
Ao amor que vive mesmo em segredo
Amor é uma palavra que deixa de o ser
Quando se encontra alguém para o viver
O amor que nos liberta está sempre à espera
Assim como a natureza espera a primavera.


© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desatinos

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Desatinos

Hoje apetece-me desatinar
De pé comer, sentada andar
Vestir uns sapatos, calçar um vestido
Não há nada de errado comigo!
Hoje apetece-me desatinar…
Prender um inocente, soltar um bandido
Esconder a seta ao próprio cupido
De noite acordada, de dia a dormir
De preto pintar a cor que explodir
Hoje apetece-me desatinar…
À tarde jantar, à noite almoçar
Com os olhos abertos sonhar, sonhar
Sair para dentro, entrar para fora
Partir para sempre sem ir embora
Hoje apetece-me desatinar...
Parada a correr, fugir do destino
Será tudo isto somente um desatino?


© Manuela Rodrigues

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Palavras difíceis

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Palavras difíceis

Há palavras que são ditas num olhar fugaz
Palavras perdidas numa alma eloquente
Um desejo insinuado de forma audaz
Um toque sentido tangentemente
Um ósculo que voa nas asas do vento
Supérfluo flutua só em pensamento
As parcas palavras que podem ser ditas
Admoestam as almas mais aflitas
Um ser taciturno que o amor quer cantar
Vislumbra a imagem que o faz calar
Um jovem que vê seu amor rejeitado
Apazigua o seu pobre coração quebrado
O que as palavras não falam, o coração sente
Há palavras falsas ditas candidamente
Palavras doces que soam a traição
Palavras que causam grande emoção
Palavras difíceis… umas sim, outras não!


© Manuela Rodrigues

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Poeta mudo

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Poeta mudo

Com as palavras presas na garganta
Que de forma nenhuma as podia gritar
Descobriu que escrever era uma forma de falar.
Por uns incompreendido, por outros admirado
Consigo sempre trazia o seu caderno encarnado
E com uma delicadeza estonteante, escrevia o que sentia
Escrevia o que queria sentir, 
Escrevia o que queria dizer… 
Escrevia...
Os seus gestos revestidos de uma expressividade sem fim
Diziam mais que muitos oradores em palestras e afins.
Poeta exclamavam uns! 
Não-poeta reclamavam outros!
Poeta porque a sua escrita exalava o cheiro das flores
Não-poeta porque não falava delas e dos seus odores
Poeta porque escrevia sentimentos
Não-poeta porque não declamava  momentos
A poesia existe para ser dita, sentida, sonhada
Como não podia dizer, escrevia com alma 
Com a alma e a voz calada...
O respeito pela sua diferença valia mais que tudo
Afinal era poeta… sim, poeta mudo!


© Manuela Rodrigues

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Quem me dera ser flor

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Quem me dera ser flor…

Ai quem me dera ser flor para de mão em mão andar
Ou então numa simples jarra um qualquer espaço adornar
Quem me dera ser flor…
Poderia ser uma rosa, sem espinhos, de uma qualquer cor
Que um dia alguém oferecera ao seu verdadeiro amor
Quem me dera ser flor…
Poderia ser uma tulipa, branca cor da paz
Para iluminar os dias de um amor que nunca jaz
Quem me dera ser flor…
Uma flor marcante para a vida de alguém
Que ficara seca numa jarra, podia ser também
Quem me dera ser flor…
Uma flor entregue com um sorriso inebriante
Um sorriso que inebria uma dor dilacerante
Quem me dera ser flor…
Uma flor frágil e efémera, ciente da sua curta duração
Que exala perfume e desabrocha a sua beleza num coração
Quem me dera ser flor… quem me dera!


© Manuela Rodrigues

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Saudades do teu cheiro

Saudades do teu cheiro

Por caminhos percorridos, várias essências senti
Não consegui esquecer o cheiro que emana em ti
Cheiro de carinho, cheiro de intimidade
Que saudade do teu cheiro… que saudade!
Tentando abstrair-me com tudo em meu redor
Fechava os olhos e sentia o teu aroma, o teu amor
Que saudades do teu cheiro… que saudade!
Longe de ti percebi porque me fazes tão bem
O aconchego que me dás é como colo de uma mãe
Que saudade do teu cheiro… que saudade!
Eis que te reencontro e o teu perfume extravasa
Que saudades do teu cheiro… minha casa!


© Manuela Rodrigues

domingo, 4 de agosto de 2013

Humildade



Humildade

Lá ia a bela senhora com os dois filhos pela mão
Na direita o Orgulho, na esquerda a Ostentação.
Que desgosto tinha ela de como foram batizados
A culpa foi dos padrinhos, um casal de deslumbrados!
Como boa mãe que era, aos filhos o melhor quis ensinar
Não queria que um dia a deixassem de respeitar.
Ao Orgulho foi dizendo que algures no seu caminho
Teria que se calar, ou então ficar sozinho.
Mas nunca deveria calar a sua dignidade pessoal
Como era amigo de todos, era um orgulho total.
À Ostentação, bela menina de face rosada
A bela senhora pediu para ser mais delicada.
Se era para ostentar que fosse como sua mãe
Ostentava humildade que era seu nome também!

© Manuela Rodrigues

sábado, 3 de agosto de 2013

Errar

imagem retirada de detrasdarealidade.blogspot.com
Errar

Com os erros também se aprende
Com os erros também se cresce
Diga lá quem nunca errou?
Ninguém! Bem me parece!

Mas afinal o que é errar
Muitas vezes me pergunto
É fazer o que está certo
Estando só ou em conjunto

Errar é bem humano
Lá diz o velho ditado
Que o digam os que sofrem
Por erros do seu passado

Mas o maior erro do mundo
É simplesmente um
Ficar sem fazer nada
Com medo de cometer algum

Se algum erro cometer
Há uma lição a tirar
Às vezes o erro persiste
Até à hora de acertar

Quem muito erra pouco acerta
É mais um ditado popular
O certo é que quem erra
Pode de novo tentar… acertar ou errar!

© Manuela Rodrigues

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Silêncio

imagem retirada de maresia-tua.blogspot.com 

Silêncio

Palavra que agita  mentes pouco sossegadas
Palavra que diz mais que uns pequenos nadas
Silêncio é arte, silêncio é uma ciência a apurar
Por vezes é com silêncio que mais podemos ajudar
Quantas vezes calamos gritos de dor, gritos de revolta
O que fala mais alto é o silêncio que da nossa boca brota
Porque saber ouvir transcende o ato de escutar
Saber ouvir é um sentir verdadeiro, é um saber calar
E num linguajar sem som, onde apenas os olhos falam
Duas almas se encontram e em silêncio amam.


© Manuela Rodrigues