sábado, 15 de março de 2014

Vida

imagem retirada daqui
Vida


Palavra pequena
Para uns, bem terrena
Para outros, espiritual
Uns do bem, outros do mal.

Vida…

Com marés de tormenta
Fases de vida lenta
Desespero acutilante
Solidão desesperante.

Vida…

Ondas de bonança
Sorrisos de criança
Paixões acalentadas
Alianças concretizadas.

Vida…

Amizades verdadeiras
Duram vidas inteiras
Sentimentos desprovidos
De interesses poluídos.

Vida…

De bons e maus momentos
A vida de todos é composta
O segredo está nos sentimentos
Que cada um nela aposta.


© Manuela Rodrigues

domingo, 9 de março de 2014

Maria do Mar

imagem retirada daqui
Maria do Mar

Maria do Mar assim a chamaram
Quando a encontraram numa praia qualquer
Maria do Mar assim se chamava a menina traquina
Que agora crescida era uma bela mulher.

Ao seu redor o mistério adensava
Aquela menina mulher, tão bela e delicada
Que ao andar até parecia bailar
Lembrava o mar quando a areia vem beijar.

Há tempos infindos fora encontrada,
Ninguém sabe ao certo o que acontecera
Ao aparecer num bote em redes enrolada
Numa madrugada fria, onde mesmo a lua se escondera.

Conta-se que aquela beldade seria uma sereia
De mares distantes fugida de um rei
Que um dia ousara desobedecer
E como castigo viera a emudecer

Maria do Mar chorava em silêncio
Recordando o canto das irmãs sereias
Perdera-se naquela escura madrugada
Apanhada por umas velhas redes alheias

Numa alvorada, à sua janela, ouviu ao longe
Guitarras chorando, vozes embargadas
Cantando baladas viradas para o mar
Saiu a correr para poder ver as irmãs encantadas

Chegada ao mar, atirou-se à água
De alma magoada, cansada de esperar
Eis que de repente uma mão urgente
De força iminente a elevou no ar

E aquela menina, sereia dos mares
Mulher encantada de outros lugares
Viu quebrado o feitiço e sem dar por isso
Sua voz entoou e viajou ali pelos ares.

Olhos de mel cruzaram os seus
E seu coração descompassou
Aquele estranho sorriu docemente
E conta si, Maria do Mar segurou.

Como por magia, naquele momento
A dúvida se desvanecera
Foi por Amor que aquela sereia
Fugiu do rei e desobedecera.


© Manuela Rodrigues