domingo, 9 de março de 2014

Maria do Mar

imagem retirada daqui
Maria do Mar

Maria do Mar assim a chamaram
Quando a encontraram numa praia qualquer
Maria do Mar assim se chamava a menina traquina
Que agora crescida era uma bela mulher.

Ao seu redor o mistério adensava
Aquela menina mulher, tão bela e delicada
Que ao andar até parecia bailar
Lembrava o mar quando a areia vem beijar.

Há tempos infindos fora encontrada,
Ninguém sabe ao certo o que acontecera
Ao aparecer num bote em redes enrolada
Numa madrugada fria, onde mesmo a lua se escondera.

Conta-se que aquela beldade seria uma sereia
De mares distantes fugida de um rei
Que um dia ousara desobedecer
E como castigo viera a emudecer

Maria do Mar chorava em silêncio
Recordando o canto das irmãs sereias
Perdera-se naquela escura madrugada
Apanhada por umas velhas redes alheias

Numa alvorada, à sua janela, ouviu ao longe
Guitarras chorando, vozes embargadas
Cantando baladas viradas para o mar
Saiu a correr para poder ver as irmãs encantadas

Chegada ao mar, atirou-se à água
De alma magoada, cansada de esperar
Eis que de repente uma mão urgente
De força iminente a elevou no ar

E aquela menina, sereia dos mares
Mulher encantada de outros lugares
Viu quebrado o feitiço e sem dar por isso
Sua voz entoou e viajou ali pelos ares.

Olhos de mel cruzaram os seus
E seu coração descompassou
Aquele estranho sorriu docemente
E conta si, Maria do Mar segurou.

Como por magia, naquele momento
A dúvida se desvanecera
Foi por Amor que aquela sereia
Fugiu do rei e desobedecera.


© Manuela Rodrigues

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