Fantasia
Parada num tempo que não existiu
Sonho com paisagens que ainda ninguém viu
Num tempo distante por elfos habitado
Voo num céu de cor purpura iluminado
Num mundo distante onde tudo é fantasia
Duendes e fadas por todo o lado via
Um rasto perfumado por todo o caminho
Levou-me à presença do mago adivinho
Olhou para mim de forma intensa
Baixei o olhar perante tal presença
Num gesto delicado meu rosto tocou
Levantei os olhos e meu corpo gelou
Trocados olhares em silêncio me falou
Percebi, assim, de onde vim, para onde vou
Vim de um tempo que não existe mais
Povoado de seres muito especiais
Na minha bagagem levo alguns valores
Preciosas poções para aclamar as dores
Dores de alma tantas vezes arranhada
Por todos aqueles que não sentem nada
Não posso voltar para trás
O portal do tempo foi encerrado
O que faço por aqui
Sem um cavalo alado?
Eis que olho para o céu de luto vestido
E vejo o mago adivinho num pequeno postigo
Num olhar sentido pedi para voltar
E com estrelas escreveu “Tens de ficar!”
Em pouco tempo as memórias apagarei
Vivendo neste mundo sem magos nem rei
E todos os dias do saco dos valores
Tirarei poções com cheiro a flores
Se algum de vós um dia encontrar
Sentirei na alma a cor purpura do luar
Onde elfos e ninfas outrora viveram
Voltarei em sonhos… esses não morreram.
© Manuela Rodrigues
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